Ordálio

No Processo criminal, perante a divergência de juramentos, podia-se recorrer aos ordálios, mediante os quais se remetia a decisão para o juízo de Deus na crença de que Deus não poderia favorecer o culpado contra o inocente. Houve várias modalidades de ordálios na Europa, mas parece que no território português só foram usados o ferro em brasa e a lide ou duelo judicial.
(…)
No ordálio procurava-se o juízo de Deus. Resolvido o duelo, os juízes examinavam os dois contendores e, no dia aprazado, ambos ouviam missa, após o que prestavam juramente. O primeiro jurava que o direito estava do seu lado; o segundo jurava a seguir que tal juramento era falso.
Um dos dois, portanto mentia: qual fosse, era o que Deus ia revelar dando a vitória à verdade. O mesmo se podia passar quando uma das partes acusava uma testemunha de falso testemunho.

O Duelo podia ter lugar a pé ou a cavalo, segundo a condição social dos lidadores. Os peões podiam bater-se com varapaus (o que está ligado à esgrima de varapau, ainda hoje praticada em muitos lugares), os cavaleiros combatiam com lança, tendo para defender-se o escudo.
(…)
Deve dizer-se que a igreja, sobretudo a partir do século XII, contrariou a prática dos ordálios, já considerados proibidos no Decretum de Graciano (1140) e formalmente condenados no Concílio de Latrão (1215), e pelas Decretais de Gregório IX (1234).

-“História do Direito Português [1140-1495]” – Marcelo Caetano (1981)

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Alguns momentos da competição de bastão de 2013 divididos por técnicas base utilizadas: Ataques directos e por antecipação, duplas e seguidas, cortes, defesa e contra ataque. A várias partes do corpo, cabeça, mãos pernas etc, com alguns efeitos de câmara lenta.

E vendo eu que nesta diligência de encomendar as coisas à custódia das letras — conservadoras de todas as obras — a Nação Portuguesa é tão descuidada de si quão pronta e diligente em os feitos que lhe competem por milícia, e que mais se preza de fazer que dizer.

João de Barros – 1553

O genuíno homem de Basto.

Meio oculta entre os possantes raizeiros das serras da Cabreira, de Barroso e do Alvão e relativamente afastada das duas antigas vias de Trás -os-Montes (Amarante e Venda a Nova), a região de Basto não participou, pode dizer-se, de qualquer facto histórico de relevo. As únicas «batalhas» que aí se terão travado foram as refregas que uma vez ou outra se derimiam com lodos rodopiantes, por via de qualquer questo de água ou quesílias de romaria. Dessas «guerras», por vezes homéricas, mas obscuras, não rezam as crónicas. Sem toque de cornetim, os dois bandos,  movidos por pundonores de tipo corso ou atávicas malquerenças de «lugares» vizinhos, encontram-se em qualquer sitio ou encruzilhada e, a um simples brado regougado – «Eh, amigos! É agora!» -, entravam a matar, escachando-se o melhor que podiam com pauladas estralejantes e secas. Os atingidos iam caindo de gatas e juncando o chão da refrega. Ao cabo de meia hora (metade do tempo de Aljubarrota) a rixa mortífera estava concluída, levando os que levavam a melhor os seus feridos aos ombros ou em padiolas improvisadas com próprios vergueiros e ficando os vencidos a morder o pó, entre charcos rubros e roncos de estertor.

Estas lutas tão obscuras como  os possíveis combates travados há dois ou três mil anos entre os moradores de Briteiros e de Sabroso são uma espécie de luxo e de timbre da coragem indomável do genuíno homem de Basto.

“Guia de Portugal IV – Entre Douro e Minho”

Demonstração de jogo de Pau em 1958 dirigida por mestre Domingos Calado

Demonstração de jogo de Pau em 1958

Domingo 9 de Março de 1985, pelas 14 horas em Bucos

“Assistir a uma demonstração de jogo de pau é reviver um pouco do passado e prestar culto aos nossos maiores. Em tempos idos não havia banquetes nem festas solarengas onde não fosse exibido, principalmente nas províncias do Minho, Douro e Trás-os-Montes.

Não falte a ver a mais bela e velha esgrima Portuguesa.”