(…)

Quer larápios refinados,
que tenham ostentação;
homem de muito dinheiro,
que importa seja ladrão.

Fale bem, tenha palavra,
seja muito… eloquente…
embora não diga nada,
tem um culto reverente.

Mas o pior desta lesta,
este é o meu desconsolo,
os pobres roem as cascas,
os maraus papam miolo…

Os pobres vivem famintos,
quasi sem pão, nem camisa,
outros em risos e festas
sua existência desliza.

Só nos resta a pele e o osso
neste jogo malabar,
oh! que artistas tão distintos,
ninguém os pôde igualar!

Mas quando virá um dia
a terminar esta farsa?
Jogador de pau valente
para varrer uma praça?

Quando surgirá um braço
cheio de força e de orgulho,
empunhando com denodo
o mais famoso estadulho?!

(…)

José Cypriano da Costa Goodolphim – 1907

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