Jogadores de pau na Galiza

Eis um sucesso já de fins do século passado que teve lugar numa feira da Galiza e que é narrado por um galego Xanquin Lorenzo Fernandez, de Orense, num artigo enviado por ele para o jornal o «Comércio do Porto» em 1950, intitulado «O Varapau»

Diz Fernandez

«Passou-se a coisa na feira de Porqueiróz, feira de ano, em que se juntaram feirantes de toda a comarca e fora dela. Os das diferentes freguesias iam com o seu gado e com os seus frutos fazendo-se uma das melhores feiras da Galiza daquele tempo. Uma vez, ignora-se porquê, começou uma rixa entre os feirantes e dois Portugueses que, vizinhos moradores naquelas terras havia já em tempos, acudiram a Porqueiróz. A rixa assanhou-se e chegou, como sempre a hora dos paus. Um dos portugueses ao ver o perigo berrou ao companheiro:

– «Oh irmão! junta costa com costas!!» – Postos deste jeito, cada um com o seu varapau, defenderam-se os dois sózinhos dos que os atacavam. durante muito tempo mantiveram-se firmes, a despeito dos muitos atacantes, pouco a pouco, foram-se desfazendo os adversários; uns feridos e outros acobardados. O triunfo coube-lhes a eles, que sozinhos, «desfizeram a feira». tal era a superioridade que lhes dava a sua pericia em «Jogar o Pau»». E Fernandez continua:

«no resto da Galiza, desconheço tal arma. E assim, parece-me evidente que se trata de um instrumento de origem portuguesa o facto do seu emprego preferente nas terras raianas, e não no resto da Galiza; o de este se encontrar pelo contrário, de uso muito corrente em Portugal; a nacionalidade dos seus mais famosos cultivadores.»

-Os Portugueses e o Mundo – Conferencia Internacional, VI Volume. Artes, Arquelogia e etnografia. Fundação Eng. Antonio de Almeida

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