Como já nos vem habituando o nosso atleta Carlos dos Santos mais uma vez sagrou-se Campeão  no passado dia 6 de Julho no Open Europeu de Stick Fight 2013 (categoria de -80 kg) em Palma de Maiorca.
Depois de já ter  vencido o Open de Madrid de 2012, e ter alcançado a medalha de bronze no Open Mundial de 2012 em Carrara e de se ter consagrado Campeão Nacional de EsgrimaLusitana 2013, alcançou mais esta vitória impondo a eficácia da nossa Arte Marcial Portuguesa a Esgrima Lusitana.
Vem esta Federação agradecer uma vez mais ao atleta Carlos Santos, o esforço, o sacrifício, a tenacidade e a confiança na técnica que pratica elevando deste modo as cores nacionais ao mais alto nível.
Convidamos todos os bons portugueses praticantes ou não de Esgrima Lusitana a associarem-se a esta homenagem
a FNJPP
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Objectivo cumprido! Depois de muitas horas de espera num pavilhão, consegui trazer o Ouro para PORTUGAL!!! Foi exigente, devido à qualidade dos adversários, mas consegui! Estar aqui sem qualquer claque nem apoio logístico e à medida que ia ganhando ouvir aplausos e a palavra “Portugal!!!” de claques de outros países é inexplicável!  
Agradeço todo o apoio dos meus alunos (que dispensaram horas do seu tempo para me auxiliarem nos treinos), amigos, camaradas e sobretudo à minha família que tem sido sacrificada com a minha ausência para treinar!
Um agradecimento muito especial ao Grande Mestre Nuno Russo /Esgrima Lusitana (o responsável pelos meses de preparação para mais esta prova internacional), à junta de Freguesia de Queijas e à Associação Desportiva de Queijas (quem possibilitou a minha vinda a Palma de Maiorca), ao meu amigo e camarada Paulo Aguiar pelo apoio e treinos em conjunto e à Rocktape Portugal pelo apoio na recuperação e prevenção das lesões durante os treinos e durante todos os combates que realizei! Brevemente fotos e vídeos do campeonato!
– Carlos dos Santos

Ilustrações de “O Malhadinhas” de Aquilino Ribeiro

Hoje, 25 de maio, dois dias antes do exato cin­quen­te­ná­rio da morte do meu Aqui­lino, fica­ria mal se não dei­xasse aqui um livro dele. Mas deixo um livro que ele nunca escre­veu como livro, mas que se tor­nou… num dos livros mais famo­sos dele.

O Malha­di­nhas come­çou por ser um conto, inte­grado no volume Estrada de San­ti­ago, que viu a luz do dia em 1922. Mui­tos anos depois, em 1958, volta a apa­re­cer num outro volume que tem dois títu­los, de outras tan­tas nove­las: A Mina de Dia­man­tes e O Malha­di­nhas. Só mais tarde, devido ao enorme sucesso da obra, surge com o nome a ocu­par a fachada do livro.

O Malha­di­nhas é uma aven­tura da vida. O homem exis­tiu, viveu e a his­tó­ria foi con­tada ao Aqui­lino por aquele meu bisavô que já apa­re­ceu aqui por várias vezes. Dei­xou des­cen­den­tes, um dos quais (a neta, salvo erro) foi a enter­rar em Vila Nova de Paiva (o aju­den­gado nome que deram a Bar­re­las) há pou­cos meses.

A his­tó­ria do almo­creve é con­tada na pri­meira pes­soa, coisa que ao autor não deve ter cus­tado muito. Antó­nio Malha­das, o pro­ta­go­nista do longo monó­logo que é a atri­bu­lada his­tó­ria da sua vida e que per­corre um mundo que vai de Aveiro, onde com­pra sal, a Bar­re­las, onde o vende, tendo os seus diver­ti­men­tos em cada porto, que é como quem diz em cada local de per­noita, começa por ser real e passa a fic­ci­o­nado, tendo como resul­tado uma mis­tura onde se encon­tra tam­bém o autor. Não é sem­pre assim?

Homem capaz de juras com quan­tos den­tes tem; e de men­ti­ras que dizia com a afli­ção de um credo na boca, é de boa cepa, mas puxado ao exa­gero, de exal­ta­ções rápi­das, per­dões ime­di­a­tos, sonhos gran­des, peque­nos fei­tos e cora­ção puro. Mais do que isso, exí­mio no jogo do pau, con­se­gue arran­car todos os botões do colete do adver­sá­rio com uma pequena nava­lha enquanto com ele com­ba­tia. Ao fim de um ror de tempo a mane­jar o vara­pau, quando o bru­ta­mon­tes lhe pro­põe o empate, logo Malha­di­nhas lhe reco­menda que pro­cure pelas abo­to­a­du­ras, das quais nem uma tinha, pro­vando que o podia ter ferido e morto tan­tas vezes quan­tas as casas do colete.

Há quem diga que Aqui­lino é difí­cil de ler. Qual quê! Difí­cil é dei­xar de o ler, quando se entra a sério na obra. Olhem lá como Malha­di­nhas remata uma parte da his­tó­ria em que nos conta os amo­res anti­gos, antes de ter sacado, por maus modos e con­de­ná­veis méto­dos, a prima que lhe havia de dar mais uma dúzia de filhos, depois de com ela ter casado à pressa face a um padre teme­roso. Pois o Malha­di­nhas conta-nos as aven­tu­ras de saias e remata assim: “Ricos tem­pos em que era capaz de tais Áfri­cas, ricos tem­pos”. E as Áfri­cas, como sabe o Manuel Fon­seca melhor do que vocês, e eu melhor do que o Manuel Fon­seca, são a aven­tura, a des­co­berta, a liber­dade, os hori­zon­tes lar­gos tudo na mesma pala­vra, que assim se faz poe­sia. Mas só quem sabe.

Vai o tempo, fica a sau­dade, o Malha­di­nhas reforma-se do jogo do pau a insis­tente pedido da sua que­rida mulher, Brí­zida. E ele, que é assim des­crito “Danado aquele Malha­di­nhas de Bar­re­las, homem sobre o mea­nho, reles de figura, voz tão untu­osa e tal ar de sisu­dez que nem o pró­prio Demo o jul­ga­ria capaz de, por um nonada, cri­var à naifa o abdó­men dum cris­tão” acede à mulher e prima, por quem tanto lutou e tanto penou. Pode mor­rer na paz de Deus, sem mais ter de andar a monte, a fugir.

O amor é que vence tudo, já dizem os enten­di­dos e quem sou eu para os des­men­tir. Assim é nesta his­tó­ria tam­bém. E se acaso con­venci duas pes­soas a cor­re­rem à estante ou à livra­ria para ler O Malha­di­nhas, já cum­pri com a minha obrigação.

Deus os guarde e bem hajam.
 Henrique Monteiro, 25 de Maio de 2013

Em 2012, Carlos dos Santos, praticante de esgrima lusitana, aluno do mestre Nuno Russo, participou em competições internacionais de esgrima de bastão. Ganhou em Madrid o ouro europeu e em Carrara o bronze no mundial.

“É Claro que fiquei feliz em conquistar o título mas acima de tudo quis provar aos praticante de modalidades de bastão que Portugal tem valor e uma modalidade própria que tem tudo para vingar no desporto internacional” – Carlos dos Santos

Namoro Saloio.

“Alevante-me êsses olhos
Por baixo dessas pestanas,
Que eu quero conhecer bem
As luzes com que me enganas”

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Cantiga popular da região saloia:

“Sou saloio, honro-me disso
Pra casacas não sou mau
Os janotas atrevidos
Sei correr a varapau.

Ó saloia dá-me um beijo
Que estou morrendo à fome
O beijo de uma saloia
É o sustento de um Home.”

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A saloia, quando ama, é tímida e vergonhosa; pelo menor dito se faz vermelha; e o saloio, quando diz finezas, está sempre cabisbaizo, escrevendo no chão com o varapau; e cada vez que abre a boca é para deixar sair torrentes de poesia.
-“Revista popular: semanario de litteratura, sciencia, e industria, Volume 5”- 1852

Pau-de-marmelêro – «Cajado ou varapau que os rapazes casadoiros usavam antigamente quando iam namorar, como espécie de insígnia ou sinal distintivo» – Costa 1957 [Murteira]

«A roçadoura é a mesma foice de podar as vides, mas com ponta aguda na direcção das costas, do tamanho de meio palmo acima dela, para poder cortar para o lado, e espetar para a frente, encabada em um pau da altura de um homem, como a figura aqui desenhada ao lado. O manejo desta arma é o mesmo do jogo do pau(…)

“Maria da Fonte – Apontamentos para a História da Revolução do Minho de 1846” – Camillo Castello Branco