Um mês antes do dia fixado para o casamento da Chica, houve na aldeia uma festa à Senhora da Luz.

No terreiro em frente da igreja, raparigas e rapazes dançavam e cantavam alegremente.

À tarde um rapaz propôs o jogo do pau para se divertirem, e convidou o Manuel para seu adversário. O lavrador não ignorava a causa daquele convite, Sabia perfeitamente que o António era seu rival, e por isso acedeu.

Jogaram, o primeiro manejando admiravelmente a arma sorria do entusiasmo quase furioso com que António o atacava.

Este, num momento em que o Manuel olhou para a noiva, seguiu-lhe o olhar e estremeceu. Levantou mais o pau e fazendo-o girar em roda da cabeça, deixou-o cair com força na fronte do adversário.

Aturdido pela pancada, Manuel cambaleou e caiu de bruços sem soltar um grito. Desmaiara. Felizmente a ferida era pequena e passadas algumas semanas o lavrador restabeleceu-se.

Madalena Martins de Carvalho em “A Fatalidade” ~ 1891