O ás de paus português – The portuguese dragon Ace of Staves

dragao
19th century Portuguese pattern card re-printed from original woodblocks, published by Vito Arienti, Edizioni del Solleone, 1978.

O baralho português teve uma caraterística especial que o diferenciava de todos os outros: cada ás tinha o desenho de um dragão, com respetiva pinta na boca: uma espada, um pau, uma taça e uma moeda. Esse “baralho do dragão” zarpou para o oriente e para o Brasil, nos bolsos dos marinheiros das armadas de Vasco da Gama e de Pedro Álvares Cabral e, no século XVI, era manufaturado no Japão, onde ainda nos nossos dias se joga com os seus “sucessores”.

EN: The portuguese playing cards had a special characteristic, that differed from all others, each ace had a dragon with the pip, and in the portuguese cards, the staff or “pau” as used instead of the clovers() and it is still called today as “paus”, even after the french playing cards overturned the old ones.


“As Cartas de Jogar e os expostos da Misericórdia de Lisboa” -Fernanda Frasão

More info:
http://www.wopc.co.uk/portugal/portuguese-pattern

http://www.wopc.co.uk/portugal/index

Grupo de Jogo do Pau de Bucos, final dos anos 60

[facebook url=”https://www.facebook.com/1681846555371302/videos/1689976627891628/” /]

Video do Grupo de Jogo do Pau de Bucos, no final dos anos 60.

Primeira metade do vídeo com paisagens da região, comentário sobre o jogo do pau, demonstração de várias situações, moinho, jogo do meio, jogo contra 2, contra jogo, seguido de treino dum grupo de juvenis.

EN: Jogo do pau video from the 60s with diverse forms of practice, one on one freeplay and multiple opponents. Includes a kids class. (action starts around the middle of the video)

https://www.facebook.com/1681846555371302/videos/1689976627891628/

“Bucos, terra já bastante antiga, desde sempre teve jogo do pau. Desde os rapazes que andam com os rebanhos na serra, até toda a gente que anda com os seus gados, todos desde rapazes começam a jogar ao pau. Isso vem desde os nossos avôs, os nossos antepassados, esta série de coisas que realmente através de todos os tempos tem continuado, e continuará, porque não se deixa esquecer, dos velhos para os novos, e os novos continuam a ensinar aos filhos deles as mesmas coisas. É tradição da terra, que manteve isto em toda a região de Cabeceiras de Basto e Fafe, porque realmente, em Fafe, na antiguidade, existia a Justiça de Fafe, em que realmente era o pau que mandava. Hoje, como as armas de fogo acabaram com o jogo do pau, isto manteve-se por uma questão de curiosidade, porque por si, já não tem valor, varrer feiras, nem bater em ninguém, nem fazer mal nenhum a alguém. É um desporto, um desporto que na aldeia que não tem outros jogos, se mantêm, e continua a manter, como digo. talvez por bastante tempo.
Hoje, porque muita gente tem pedido, criou-se um grupo de juvenis de jogo do pau, através do senhor Hernesto dos Santos, que tem tido o cuidado de os ensinar, tem um grupozito a formar-se, que vai existir daqui a 30 ou 40 anos, porque é tudo gente jovem. (…)”

Jogo das armas – Ordered to fence

Notícias do Porto Antigo

Os cidadãos do Porto eram privilegiados para poderem andar armados por todo o reino As armas vindas para o Porto não pagavam décima nem ciza.

Em 1570 mandou D. Sebastião repartir armas do seu armazém pelos moradores do Porto que as não tivessem sob condição de as pagarem. Em 1571 veio ordem para que todos se exercitassem no jogo das armas aos domingos e em dias santificados.

Gazeta Literária do Porto – 6 de Janeiro de 1868

EN:
The citizens of the city of Porto, were privileged by being able to walk with weapons through the kingdom of Portugal. The weapons arriving in Porto didn’t pay any taxes.

In 1570 King Sebastian ordered weapons to be distributed to Porto residents that didn’t have any, if they could pay. in 1571 the order was that every Sunday and holy days, everyone should exercise in fencing (Jogo das armas).

Gazeta Literária do Porto – 6 de Janeiro de 1868

Cajado contra bisarma

C A PI T U L O XXXXVII- Como o escudeiro achou Bimnarder e da batalha que ele e Godivo tiveram com os selvagens.

(…) Bimnarder se pôs diante com o cajado alto, mostrando que queria guardar a pancada, e um dos selvagens descarregou nele: Bimnarder furtou o corpo vendo descer o golpe, que deu no chão que todo o ferro nele meteu, Bimnarder antes que ele levantasse a bisarma(alabarda) lhe deu com o cajado em um braço tão grande pancada com ambas as mãos que um dos selvagens fez em pedaços: o qual com a outra mão tirou com a bisarma por detrás um revês, e um dos cães que por uma perna o tinha, e o cão por fugir veio a cair no golpe do ferro, que lhe cortou todos os quatro pés cérceos sem ficar nada: já a este tempo vinha Bimnarder com outra pancada alta, e vendo o selvagem não podendo erguer a sua bisarma, tão manhosamente lhe tirou a Bimnarder uma estocada que lhe passou as pernas ambas pelas coxas por ele estar de ilharga com o golpe feito, e não pode furtar o corpo por estar no ar com o golpe que deu ao selvagem na cabeça, que sem nada estava, com que lha quebrou, e caiu  (…)

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“Menina e Moça” de Bernardim Ribeiro – 1554


EN:
A fight scene from a pastoral novel from 1554 of a man (Bimnarder) with a walking staff fighting another with an halberd (a barbarian).

Quick translation of the bold text:

Bimnarder places himself with the staff high, showing his intent to parry the strike, and one of the barbarians attacks him: Bimnarder evades the body and sees the strike falling and hitting the ground with all its metal part going into the ground. Before the halberd is raised again, Bimnarder hits him with both hands with such a strike that one of the hands of the barbarian is broken in pieces: with the other hand the barbarian gives a revez from behind, and one of the dogs, that was close to him, without being able to run away has his legs compleatly cut off: At that time Bimnarder has another strike armed high, he sees the barbarian not being able to raise his weapon, but doing instead a thrust to Bimnader, that went between his legs. Without being able to step out like that, Bimnarder gave another strike to the head of the barbarian, that broke it, and so he fell down.

Festas da Nazaré – de cabeça aberta.

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Festas da Nazaré – A entrada dos círios
“Cifra-se em dois elementos a síntese de todos os círios: uma grande turba de anjinhos e uma grande cópia de cacetes ferrados.
Bom é quando os primeiros nos deixam ver o céu aberto sem que os últimos nos deixem a cabeça também aberta.“
“O António Maria” N.º 277 [18 Setembro 1884]

EN: An illustration and note on a Humoristic journal from 1884, quick translation:
“There are two elements in this religious procession: a great crowd of Angels, and the copious amount of walking staffs with ferrules.
It is a good thing, when the Angels allows us to see the open sky, without the staffs leaving us with an open head.”

Link: http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/OAntonioMaria/1884/1884_item1/P266.html

José Maria da Silveira

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Primeiro dos grandes mestres da esgrima do pau , é a ele a quem se deve o primeiro desenvolvimentos neste ramo de desporto, não obstante ter havido outros mestres no seu tempo, deixou bons esgrimistas, como Domingos de Couras Salréu e Pedro Augusto da Silva que vieram a ser representantes da sua Escola, que foi na Travessa dos Inglesinhos e na Rua nova do Loureiro. Fundador da Escola de Lisboa, que assim se chama, por ser um tipo de esgrima diferente do das províncias, o qual nós ainda hoje adoptamos, possivelmente aperfeiçoado.

Em menino foi cantor de igreja e mais tarde praticou o jogo do pau.

Tinha à sua porta uma pedra muito grande e pesada com que media forças com a rapaziada do seu tempo.

Deixou uma fama monumental como esgrimista do pau e foi mestre do nosso popularissimo e grande Rei D. Carlos.

Nasceu na Calçada da Graça n.º13 em Lisboa, no ano de 1805 e faleceu, com a idade de 83 anos, em 1888.


EN:
master José Maria da Silveira  
(nicknamed “O Saloio”, name given to the peasants living in the outskirts of Lisbon, from the arabic sahroi, desert dweller. He was so called, because of his tanned skin color)

First of the great masters of staff fencing, the first developer of this branch of sport, notwithstanding other masters of his time. He trained great fencers, such as Domingos de Couras Salréu and Pedro Augusto da Silva, that became the representatives of his School, that was on Travessa dos Inglesinhos an on Rua nova do Loureiro. Founder of the Lisbon School, as it is called, because it is a different kind of fencing than the one on the provinces, the one that we use today, possibly in a perfected form.

As a boy was a church singer and later started practicing jogo do pau.
He had a large rock at his house that he used to measure strength with other boys of his age.

He had great fame as a monumental staff fencer and was master of the great and popular king D. Carlos.

Born in Calçada da Graça nr 13 in Lisbon, in 1805, died at age 83 in 1888


“Jogo do pau – Esgrima Nacional” António Nunes Caçador -1963