A espada a duas mãos – A forma como é utilizada atualmente, com uma guarda com um comprimento de quatro mãos ou mais, é mais adequada, não tanto ao combate um contra um, mas, pela sua habilidade, como um galeão cercado de galés, por si só, a opor-se a várias outras espadas ou diferentes armas. (…) é comum o seu uso em cidades, de dia ou de noite, sempre que um possa ser atacado por vários. Devido ao seu peso, que requer grande força, é utilizada pelos mais fortes de braço e de coração. Estes homens, vendo-se a ter que defrontar vários outros, por segurança e para aterrorizarem os seus adversários com a fúria da sua arma, fazem ataques com longos cortes, trazendo a espada a fazer um circulo completo, ora colocando o peso sobre um pé ora sobre outro, sem se preocuparem de todo em fazer pontuadas, pois segundo a sua opinião, os ataques de ponta apenas afetam um único homem, enquanto um corte, consegue lidar com vários.

Giocomo DiGrassi 1570 (via thescholarsruminations)

…eram outros tempos esses da minha infância. Tempos em que os homens rurais iam às feiras e às romarias munidos de varapau ou de pau-ferrado, para afugentar qualquer ladrão emboscado numa encruzilhada ou para lavar e repor a honra ofendida por ditos ou provocações. Sim, nesses tempos a honra tinha valor e quando ofendida, era lavada e reposta em acção directa e não, como hoje, com recurso por tudo e por nada ao tribunal, por bagatelas penais.

 Correia Marques em “A Paliçada” – 10 Out 2012

Camilo de Noronha, que , já neste século foi notável como toureiro e varredor de feiras. A sua destreza no jogo de pau era tal, que chegava a um arraial, apeava e destroçava a multidão , atirando homens por terra como uma criança que derrota um regimento de soldadinhos de chumbo.

“O Conde d’Abranhos” – Eça de Queirós 1925

Aproximei-me do circo onde se travavam d’antes as luctas homéricas dos valentes jogadores de pau. Estava deserto.
Apenas, depois de largo intervallo, appareceram dous conservadores das velhas tradições, que esgrimiram um pouco mas sem enthusiasmo nem applauso.

É profundamente triste este desapparecimento do espirito cavalheiresco e poético de um povo.

“Fora da Terra” – Júlio César Machado, 1878

O homem dobra, apruma, range o corpo; torce-o, e tão depressa é espiral como vara de amieiro ao vendaval; treme como lódão nas mãos frenéticas do jogador de pau em romaria ou feira.

revista “Occidente” Volume 60,  1961

E vendo eu que nesta diligência de encomendar as coisas à custódia das letras — conservadoras de todas as obras — a Nação Portuguesa é tão descuidada de si quão pronta e diligente em os feitos que lhe competem por milícia, e que mais se preza de fazer que dizer.

João de Barros – 1553